Conteúdo, forma de abordagem e público consolidam o sucesso do ciclo de palestras Cidades em Transição: Emergência Climática
Com um dia inteiro de programação, o evento preparatório para o II Seminário Cidades em Transição integrou o REC’n’Play 2022
O bacharel em geografia pela Universidade Federal de Pernambuco, Jairo Pessoa (30), foi uma das 120 pessoas que lotaram o auditório da Livraria Jaqueira no Bairro do Recife para acompanhar o Ciclo de Palestras Cidades em Transição: Emergência Climática – Origens e Consequências durante o REC’n’Play 2022. Para Jairo, todas as palestras foram enriquecedoras.
“Todos os palestrantes deram contribuições pertinentes ao tema, e foi bem completo todo o conteúdo abordado, desde as questões ambientais, como também as consequências humanas que vamos enfrentar e principalmente as que já estamos enfrentando. A palestra de Rud Rafael fechou com maestria trazendo a dura realidade enfrentada pelas pessoas que sofreram com as chuvas de maio, foi um choque de realidade duro e bastante necessário”, comentou o bacharel.
O ciclo de palestras Cidades em Transição: Emergência Climática – Origens e Consequências reuniu seis estudiosos, pesquisadores e profissionais de diferentes áreas do conhecimento exploraram as origens e consequências do Estado de Emergência Climática na cidade do Recife. O Público presente participou realizando perguntas e compartilhando experiências. O ciclo de palestras está em consonância com o Caminho Estratégico de Recuperação e Conservação Ambiental, do Plano Recife 500 anos, e integrou a quarta edição do REC’n’Play, o maior festival de experiências digitais do Nordeste.
O presidente da Agência Recife para Inovação e Estratégia, Marcos Baptista, abriu o ciclo de palestras apresentando ao público o propósito da Organização, que é atuar estrategicamente como elo entre a sociedade, o poder público e o setor privado contribuindo, a partir do Recife, para o desenvolvimento de cidades inovadoras, sustentáveis e menos desiguais. Reforçando, dessa forma, a pertinência de incentivar, promover e integrar espaços democráticos de trocas de conhecimento para a construção do futuro da cidade do Recife.
“Demos o primeiro passo para a realização do II Cidades em Transição, recebendo especialistas e a sociedade para debatermos sobre emergência climática na cidade do Recife. Auditório lotado, grandes apresentações, debates riquíssimos, diversidade… Em março faremos um grande encontro, dessa vez trocando informações com outras cidades do Brasil e do mundo”, comenta o presidente da ARIES.
Ainda na abertura, Luana Alves, arquiteta urbanista, especialista em urbanismo social, atual co-presidenta do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) Pernambuco e atua como assessora técnica popular na Cooperativa Arquitetura, Urbanismo e Sociedade (CAUS), destacou os diversos tipos de desigualdade que potencializam a vulnerabilidade de determinados grupos sociais que são ainda mais atingidos pelas mudanças do clima.
“Eventos naturais como a seca e as chuvas são passíveis de adaptação e são transformados em uma catástrofe, em tragédias provocadas por o processo violento de injustiças que afetam diretamente a população preta e pobre, povos tradicionais e indígenas, sobretudo as mulheres negras que estão em condições desfavoráveis no que diz respeito ao acesso à moradia, renda, escolaridade”, argumentou a especialista.
Para Luana, espaços como o ciclo de palestras Cidades em Transição são de suma importância para a capital pernambucana, uma vez que, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Recife está no ranking das cidades mais vulneráveis à mudança climática. E provoca: “que toda essa análise técnica não deixe de considerar que vivemos um processo histórico de profundo abandono e descaso com a população mais vulnerabilizada. A temática é mudança do clima mas a moradia é uma questão que compõe a fundamentação desse processo de construção de cidades tão desiguais e pautar a moradia digna como uma das estratégias para evitar essas tragédias é importantíssimo”.
Parceiro da ARIES em projetos como o Plano de Adaptação Setorial às Mudanças Climáticas, o PASR, o Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Carlos Ribeiro, falou em nome da Prefeitura da Cidade do Recife sobre a pertinência do evento.
“Esse tema Emergência Climática vai realmente trazer nessa série de assuntos e temas que permeiam as fragilidades de toda a gestão de todas as cidades, estados e países. As mudanças climáticas são coisas que teremos que conviver. É importante correr atrás desses estudos, preparação, adaptação e investimentos. Estamos em plena 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP 27, mais uma vez o mundo todo mobilizado para fazer justamente essa discussão. As mudanças climáticas, de fato, vão trazer a potencialidade de todas as fragilidades que ocorrem nas cidades, elas vêm de forma muito impactante nas cidades e na sobrevivência do planeta em si, as perspectivas e as projeções não são animadoras, as medidas são mais do que emergenciais e urgentes”, comenta o Secretário, que complementa sobre o motivo de todos e todas estarem presentes no evento: “É um fenômeno global, mas os pequenas pequenas iniciativas e os processos têm que acontecer. Tem que haver essa gama de interlocução e discussão em todos os níveis”.
Roberto Muniz, integrante do Conselho de Administração da ARIES e do Coordenador do Comitê Curador do Evento Cidades em Transição: Emergência Climática – Origens e Consequências, homenageou os integrantes da curadoria do evento: a arquiteta e urbanista Clarissa Duarte; a arquiteta e urbanista Juliana Muniz; o vice-reitor da UFPE, Moacir Araújo; professor Jaime Cabral; professora Isabelle Meunier; Daniel Paixão, do Fruto de Favela; Carlos Ribeiro, Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Prefeitura do Recife; o arquiteto e urbanista Roberto Montezuma; o consultor Mauro Buarque; Sideney Schreiner, consultor do Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas da Cidade do Recife (PASR); a arquiteta e urbanista Luana Alves; Norah Neves, Secretária de Políticas Habitacionais do Recife; Zuleica Goulart, coordenadora do Programa Cidades Sustentáveis e a líder comunitária Maria Lúcia da Silvia.
“Foram quatro meses para chegarmos até aqui [na execução do evento], que é o primeiro passo para chegarmos em Março, no II Seminário Cidades em Transição. O desafio que a ARIES está enfrentando é trazer esse tema [Emergência e Mudanças Climáticas] para a pauta permanente da cidade do Recife, e, se pudermos, contribuir para a pauta permanente das cidades no mundo”, comenta Roberto Muniz.
Baixe as apresentações utilizadas pelos palestrantes na área “Biblioteca” em nosso site.
Texto: Giselle Cahú/ARIES.