Mapa Tátil instalado na Praça da Árvore é o primeiro do tipo no Nordeste

26/08/2021

Praça da Árvore, no Alto Santa Terezinha (ZN), recebe ferramenta de acessibilidade nesta quinta-feira, 26.

Associando a promoção de um Recife inclusivo ao olhar atento às crianças, o Projeto Primeiro a Infância realizou nesta quinta-feira, 26, a instalação Mapa Tátil na Praça da Árvore, localizada no Compaz Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha. Considerando o material utilizado, seus elementos e a adaptação da usabilidade para espaços externos, o Mapa é o primeiro do tipo instalado no Nordeste, como afirma Klesley Bastos, diretor executivo da ID Inclusão Design.

“O mapa instalado na Praça da Árvore foi desenvolvido em Corian, um material sintético, esculpido em router com a inserção de pontos Braille em alumínio, impresso com tinta UV, a fim de garantir a resistência necessária às intempéries do clima. Este equipamento, o primeiro instalado no nordeste, conta com QR Code de audiodescrição e linguagem gráfica adequada ao público infantil, compatibilizando-o com o sistema de sinalização da praça, de forma singular e única”, explica o diretor executivo da Id inclusão e Design – escritório de design dedicado ao desenvolvimento de vetores comunicacionais para acessibilidade à informação.

Com a instalação do Mapa Tátil no Compaz Eduardo Campos, o Projeto Primeiro a Infância enfatiza a comunicação como elemento essencial na mudança de comportamento, visto que a implementação das ferramentas de acessibilidade comunicacional busca ampliar o entendimento, a autonomia e o empoderamento das pessoas com deficiência visual, possibilitando uma cidade mais acolhedora e segura para as crianças.

A importância do elemento descritivo aliado à exploração tátil é um item de destaque na fala de Liliana Tavares, consultora da Com Acessibilidade, empresa que executa projetos sobre acessibilidade comunicacional. “A audiodescrição é fundamental, ela complementa o tato e dá a percepção, a visibilidade do espaço, ela guia realmente a exploração do mapa tátil. […] A gente entende agora que o mapa é mais um tópico para ser ensinado às crianças cegas, às pessoas que cegam ou que têm baixa visão”, comenta Liliane, que ressalta que não é toda a comunidade cega que domina a leitura em braile.

Ainda segundo Liliana, as ferramentas de acessibilidade instaladas possuem caráter didático para as pessoas não cegas. “Esse Mapa Tátil colabora para tornar a praça um espaço mais inclusivo. Quem enxerga também gosta de ver [o mapa], a própria escola ao lado pode fazer atividades educativas e pedagógicas quanto às funções dos equipamentos e à localização, além de usar o áudio, que permite à pessoa que enxerga ser mais observadora e identificar coisas que talvez passassem despercebidas ao olhar”, comenta a consultora da Com Acessibilidade.

Compaz preparado para receber pessoas com deficiência visual

Reconhecida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) como referência de boas práticas voltadas para a primeira infância, a Praça da Árvore recebeu investimento tanto no espaço físico, quanto na equipe técnica de capacitação para recepcionar pessoas com deficiência visual. O processo de desenvolvimento da acessibilidade na Praça envolveu um treinamento com colaboradores do Compaz Eduardo Campos dos setores administrativo, pedagógico, de segurança e mediação de conflitos, além de colaboradores envolvidos com a recepção, limpeza, manutenção e jardinagem.

Realizado pela Com Acessibilidade em modelo híbrido, o treinamento intitulado “Como receber às pessoas com deficiência visual” contou com a participação da consultora Michelle Alheiros, coordenadora do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual, professora brailista e consultora de audiodescrição. Apresentações dialogadas, exibição de vídeos educativos, debates sobre atitudes e experiências fizeram parte da abordagem trabalhada, que finalizou com uma simulação da recepção de pessoas com deficiência no local e a apresentação dos equipamentos de acessibilidade aos colaboradores.

Em paralelo, a ID Inclusão Design desenvolveu o Mapa Tátil e promoveu rodadas de testes e ajustes para refinar a comunicação e alinhar perfeitamente a audiodescrição junto à Com Acessibilidade. Klesley Bastos, diretor executivo da ID Inclusão Design, explica que cada projeto é único e tem uma solução particular. “O grande desafio para o Mapa da Praça da Árvore tornou-se inserir uma grande quantidade de informação em pouco espaço. Com a utilização de sínteses gráficas e a hierarquização das representações físicas, os diversos elementos da praça foram ‘divididos’ em alturas e texturas diferentes, organizados e legendados”, explica Klesley. 

Praça da Árvore para todas e todos

“Um projeto que nasce inclusivo, já nasce mais justo, mais humano e mais gratificante”, afirma Klesley Bastos. As palavras do diretor executivo da ID Acessibilidade Design sintetiza bem a trajetória percorrida pelo Projeto Primeiro a Infância para atingir o objetivo de requalificação do local situado no Alto Santa Terezinha: “A Praça da Árvore nasceu com a visão e percepção universal na socialização dos indivíduos. Compreendeu as diferenças, as singularidades e as necessidades das pessoas em seu entorno. Mais que requalificar a praça, insere-se um aspecto transformador ao possibilitar não só a inclusão de pessoas mas principalmente a conscientização de que os espaços urbanos podem ser utilizados por todos, sem necessariamente ter que ser menos, ou mais adaptado, com maior ou menor gasto, mas simplesmente pensado para todos”, comenta Klesley.

O processo colaborativo envolveu a Com Acessibilidades, a ID Consultoria Design, a Casa do Braile e o próprio Compaz Eduardo Campos; atores que compreendem que uma cidade boa para todas e todos tem como premissa valores como inclusão e acessibilidade. O Projeto Primeiro a Infância, financiado pela Fundação Bernard van Leer e executado pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), aplica os conceitos do Urban 95 na capital pernambucana, integrando a estratégia de desenvolvimento da cidade presente no Plano Recife 500 Anos.

Por Giselle Cahú, equipe de comunicação ARIES.